As Campanhas Norte-Americanas

A campanha de Kamala Harris, candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, está intensificando seus esforços para conquistar o apoio dos eleitores idosos, um grupo demográfico que historicamente tem favorecido os republicanos. Em uma estratégia cuidadosamente planejada, a campanha de Harris está organizando uma série de eventos que coincidem com o 89º aniversário da Previdência Social, um dos programas mais importantes e populares entre os americanos mais velhos.

Esses eventos incluem atividades  sociais, pensados para atrair e engajar os eleitores com 65 anos ou mais. Eles estão sendo realizados em estados decisivos como Arizona, Pensilvânia, Michigan e Carolina do Norte, locais que desempenharão um papel crucial na eleição. 

Nos Estados Unidos, onde o voto não é obrigatório, os eleitores com 65 anos ou mais representam uma parte significativa do eleitorado, votando em proporções mais altas do que qualquer outro grupo etário. Estima-se que existam quase 10 milhões de eleitores idosos em estados como Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Carolina do Norte, Geórgia, Arizona e Nevada. Esse grupo representa quase 17% da população total dos Estados Unidos, tornando-o um segmento crucial para qualquer campanha presidencial.

Historicamente, os eleitores idosos têm favorecido os candidatos republicanos. Contudo, as pesquisas mais recentes indicam uma mudança nesse cenário. Esses estados são considerados essenciais para qualquer vitória eleitoral. Mais notavelmente, as pesquisas mostram que Harris lidera por uma margem significativa entre os eleitores com 65 anos ou mais, com 55% de apoio contra 42% para Trump.

Essa mudança no apoio dos eleitores idosos pode ser parcialmente atribuída às preocupações crescentes sobre a idade e a aptidão cognitiva dos candidatos. Após Joe Biden decidir não concorrer à reeleição devido a preocupações relacionadas à sua idade, a campanha de Kamala Harris tem sugerido que a idade de Donald Trump, agora com 78 anos, também pode ser um problema para os eleitores. 

Em resposta às críticas e para fortalecer seu apoio entre os idosos, Trump propôs a eliminação dos impostos sobre os benefícios da Previdência Social para esse grupo. Essa proposta é atraente para muitos eleitores idosos, pois poderia resultar em uma economia significativa para aqueles que dependem desses benefícios. No entanto, a proposta de Trump não está isenta de controvérsias. Especialistas alertam que essa medida poderia acelerar o risco de insolvência do plano de benefícios para idosos, que já enfrenta desafios financeiros. O Comitê por um Orçamento Federal Responsável estimou que a revogação dos impostos sobre os benefícios da Previdência Social poderia aumentar o déficit orçamentário em até US$ 1,8 trilhão até 2035. Isso levanta preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo do programa, que é vital para milhões de americanos.

A estratégia de Kamala Harris de focar nos eleitores idosos reflete uma compreensão profunda das dinâmicas eleitorais atuais. Ao organizar eventos que celebram a Previdência Social e ao destacar as questões relacionadas à idade e aptidão dos candidatos, a campanha está tentando atrair um grupo que pode ser decisivo nas eleições de 2024. A campanha também parece estar ciente da importância de estados como Pensilvânia, Wisconsin e Michigan, onde uma vitória pode garantir os votos eleitorais necessários para conquistar a presidência.

A participação dos eleitores idosos nas eleições é notoriamente alta, e conquistar o apoio desse grupo pode ser a chave para a vitória. Com as pesquisas mostrando uma vantagem para Harris entre os eleitores com 65 anos ou mais, especialmente em estados decisivos, a campanha democrata está bem posicionada para desafiar o domínio tradicional dos republicanos nesse segmento demográfico.

Em última análise, a eleição de 2024 pode ser decidida por quem conseguir conquistar o apoio dos eleitores mais velhos, e a campanha de Kamala Harris está apostando alto nessa estratégia. A combinação de eventos focados nos idosos, a promoção do legado da Previdência Social, e a ênfase nas preocupações com a idade dos candidatos pode ser uma fórmula vencedora para os democratas. 

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